Todo o glamour dos food trucks

 Eles estão em todos os lugares… viraram moda e são parada certa para os amantes da “boa” comida… mas será que é isso mesmo? será que aquilo que você vê vale aquilo que você está pagando? Vou incitar aqui uma pequena polêmica, que parte das minhas experiências, para trazer para vocês o lado obscuro dos campos dos caminhões de comida (os food trucks para os mais sofisticados e descolados)…

Bom, os caminhões de comida apareceram nos últimos tempos como algo super hiper mega inovador, como se aquele tiozão que vendia cachorro quente na esquina de toda faculdade dentro de uma kombi enferrujada já não pudesse ser encarado como um food truck… os points dos tais caminhões, chamados de camps, já tiveram seu momento de febre alguns meses atrás, mas alguns deles ainda seguem em alta…

O que ocorreu, de fato, foi a gourmetização do fast food e da comida de rua… muitas vezes nem sempre tão fast assim, mas na intenção de deixar chique aquela comida de rua… o termo virou clichê, uma vez que o Brasil passa por um processo de gourmetização em que nem o cachorro quente da rua escapou… o que em outros países virou opção para os com pouco tempo, e pouco dinheiro, aqui virou saída para os empreendedores de plantão, em alguns casos, cozinheiros que não tinham condições de investir num cantinho só seu para apresentar um menu próprio… ou os aventureiros desempregados (outra grande parcela), nessa fase de crise que o país enfrenta…

Mas o que você encontra num camp de food trucks? Se tiver sorte, uma variedade razoável de comida… se tiver sorte? sim, porque é incrível como sempre que você faz qualquer pedido em qualquer tipo de caminhão, sempre (SEMPRE) tem algo faltando… ou não tem pão, ou não tem batata, ou não tem qualquer ingrediente essencial para atender o SEU pedido… o que me faz acreditar que eles nem são tão bem preparados para atender assim… atender? ah, taí outro problema… algumas experiências com esse tipo de “estabelecimento” te colocam frente a frente com pessoas mal preparadas para atender qualquer tipo de ser humano… pessoas desanimadas, irritadas, que estão discutindo, que não queriam estar ali… Já vi gente reclamando do chefe, discussões públicas, gente falando de espionagem (vale isso?) do truck vizinho… reflexo do tipo de atendimento que encontramos na maioria dos lugares, arrisco dizer…

Mas e a comida? Bom, as receitas são as mais pimponas possíveis, quer um exemplo? que tal um bagel com hamburger? ou um donut com hamburger? ou um pretzel com hamburger? tem até sorvete com hamburger… tudo que o brasileiro verdadeiramente americanizado adoraria comer e se esbaldar… ah, e quando se fala em comida típica brasileira, na maioria dos casos referem-se a pratos típicos do nordeste… porque, afinal de contas, nenhum outro lugar do pais possui comida típica, não é mesmo?

E por fim, o preço… eu entendo que a comida vendida ali tem sim sua qualidade, mas cobrar R$35,00 por um misto quente com suco de cenoura é um crime, mesmo que tenha sido feito pelo chef mais famoso do planeta… comida servida em pratos de isopor, sem guardanapo… pra você comer sentado em bancos de piquenique pra lá de desconfortáveis, brigando com qualquer um que esteja reservando o lugar à mesa para os seus 88 amigos… não dá, né?

Ah, o que mais você encontra nesses campos de caminhões de comida? uma moçadinha que daria inveja a qualquer tiozão da fanta… gente descolada demais pra se dobrar às coxinhas daquela padaria maneira do fim da rua, mas maneiras o suficiente para só aceitarem comer as “verdadeiras” empanadas de Mendoza, ou os chorizos de Montevidéu…

Enfim, não quero estragar a surpresa de ninguém… se você ainda não foi, vá… se já foi e gostou, ótimo, continue indo… se foi e não gostou, mude de point… acredito que visitar um camp de food trucks valha pela experiência de comer um verdadeiro sanduíche de frango com ervas peruanas, uma maionese norueguesa, acompanhado de um alface do Congo, numa receita bem masterchefiana… e desfilar com suas botas de inverno, apesar do calor de quase 30 graus… fala a verdade, você nunca pensou que essa experiência seria tão especial, hein??

Conte para o Viveajantes qual a sua experiência com os food trucks… Já experimentou? Virou fã? Já passou por algum perrengue? Queremos saber…

Texto by Ricardo Seripierro

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