Com o dólar em alta (pelo menos na época em que estou escrevendo esse texto), viajar pelo mundão ficou um pouco mais caro. Isso deveria incentivar o turismo interno. Pois é, deveria… acontece que os preços não tão convidativos de fora acabam influenciando também os preços do turismo interno. Claro que isso não facilita muito a escolha, mas no fim, se você pesquisar em várias agências e avaliar orçamentos diferentes, tanto para destinos no Brasil, como fora dele, perceberá que alguns valores não são tão diferentes e que no fim, é possível viajar sem gastar muito. Quer saber como? Entregue-se à leitura dessa postagem e descubra um tour por destinos que nunca deixaram de ser moda, mas que saíram um pouco do gosto popular.
Usualmente, preciso confessar, não costumo ficar em dúvida a respeito de para onde ir. Quando saio de uma viagem já imagino onde será a próxima, e a partir daí começam os planejamentos, a menos que surja algo diferente pelo meio do caminho, como alguma oferta ou alguma catástrofe… Bom, fato é que para esse ano os planos foram mudando a cada cotação do dólar que era divulgada. Sendo que aos 49 minutos do segundo tempo, existia um destino nacional liderando a escolha, e alguns internacionais correndo muuuuuuito por fora. No dia de bater o martelo, uma voz sugeriu um roteiro bem fora do padrão e de moda: por que não fechar uma viagem fazendo Buenos Aires (na Argentina) e Montevidéu (no Uruguai)? Por algumas centenas de reais a mais que qualquer destino dentro do país, a escolha, no final das contas (e dos gastos), foi bem acima das expectativas.
Eu já havia viajado para Buenos Aires. Você pode ver o meu texto dessa viagem aqui. Mesmo assim, agora a proposta seria outra, a de uma viagem econômica… uma viagem pelo prazer de explorar… pelo gosto de ver o que não tinha sido visto… de andar pela cidade e conhecer… Para isso fechei 5 dias em cada cidade. Acredito que o prazo seja bastante razoável, tanto para Buenos Aires como para Montevidéu. Se possível, tente encaixar um final de semana para cada destino. Você terá boas opções de passeios para os dois países nesses dias.
Pra começar, a parte aérea. Por mais econômico que possa parecer, fique longe da empresa Aerolíneas Argentinas. Já tive problemas com atraso, greve, atendimento… enfim, não seria agradável começar ou terminar a viagem com problemas. Você pode começar ou terminar por qualquer uma das duas cidades, mas eu comecei por Buenos Aires. O tempo de voo entre São Paulo (Guarulhos) e Buenos Aires é de aproximadamente duas horas e quarenta minutos, e não costuma ter muitos perrengues. Também é legal evitar os voos com conexões. Você costuma perder muito tempo em paradas extremamente desnecessárias para uma viagem com menos de 3 horas de duração.
Ahhh… para voos desse tipo eu costumo fechar sempre o horário mais cedo na ida, e o mais tarde possível na volta. Você ganha o dia da chegada, que servirá para bater pernas no entorno do hotel, procurar alguns pontos para comer ou fazer compras (mercadinhos, etc), já te ajudando a acostumar com o novo país, e na volta você pode pegar a manhã para preparar a bagagem, ou acordar mais tarde e curtir um café da manhã mais tranquilo no hotel, ou partir para as últimas compras e passeios antes do retorno. Em voos mais longos, o ideal é fazer a viagem na calada da madrugada. Você pode dormir durante o trajeto inteiro, e acordar já no seu destino, ou quase lá.
Os hotéis, em Buenos Aires, ficam mais concentrados na parte central. Existem ainda algumas boas opções pela Avenida 9 de julho, ou mesmo próximos de Puerto Madero (o bairro de BA onde fica o porto, a Ponte da Mulher, o Cassino Flutuante, e vários restaurantes bacanésimos), mas essa área central é bem legal para explorar a pé os principais bairros e pontos turísticos da cidade. Na minha outra viagem eu havia conhecido o Catalinas Suites, que fica na Rua Tucumã 313 (você pode ler meu relato aqui), mais próximo do Puerto Madero. E agora foi a vez de conhecer o Duomi Plaza Hotel, que fica na Bartolome Mitre 1480, na “cara” do Obelisco, numa região mais central. Você pode ver minha avaliação sobre este hotel aqui, mas de antemão digo que existem opções melhores para a região. No geral, esses hotéis estão em prédios bastante antigos, com uma arquitetura bem bonita, têm um saguão muito elegante, são modernos, charmosérrimos, mas quando você conhece os quartos, percebe que apesar de qualquer modernização, no fundo você está hospedado em um hotel vintage (para ser simpático), que nem sempre tem a melhor aparência. Por isso, vá além das fotos de internet. O Catalinas, no caso, pareceu uma opção mais interessante do que o Duomi, mesmo tendo o estilo mais retrô. O dia da chegada, como já falei, serve para explorar a região do hotel. Ver e decidir quais cafés a serem explorados nos próximos dias, dar uma primeira olhada na cidade (ou uma segunda, já que o transfer do aeroporto até o hotel servirá para essa primeira vista). Uma sugestão legal é esticar até a Avenida 9 de julho, a duas quadras do hotel Duomi, e fazer uma caminhada de ponta a ponta pela avenida, aproveitando para ver o movimento da cidade, e curtir o almoço em algum dos cafés próximos. A sugestão é o café Martinez, com excelentes opções em pratos salgados, tortas, e sanduíches. Se você também tem o costume de fazer uma comprinha básica para consumir no hotel, ou até mesmo garantir o estoque de água para os passeios, na rua do hotel Duomi, a uma quadra para cima, você encontra um mercadinho, o Coto, que tem preços bem interessantes. E dá pra carregar as compras para o hotel sem muito esforço. Legal ficar de olho que o mercado tem algumas ofertas legais para os alfajores, que vale bastante a pena. Outra opção é seguir para a 9 de julho, sentido Avenida de Mayo, e na paralela com a Bartolomé Mitre, na Rivadavia, você encontra um Carrefour. É pouca coisa mais longe, mas é pedida certa para quem busca mais opções. Fique esperto pois os mercados também cobram pelas sacolinhas plásticas. Nesse caso, vale a pena ter uma sacolinha reutilizável no bolso, para evitar a cobrança. O jantar pode ser por algum café da região. Vale também gastar a primeira noite para explorar a vista pela Avenida 9 de julho e seus arredores.
Aqui cabe uma observação bastante importante. Buenos Aires sofre os mesmos males de qualquer grande capital do mundo, trânsito, poluição, sujeira, criminalidade… porém, em uma escala bem inferior. Se você está acostumado com o “pique” de São Paulo, ou do Rio de Janeiro, no Brasil, leva Buenos Aires de letra. A maior atenção deve ser quanto aos batedores de carteira. Por isso, evite a desatenção ou grandes muvucas. No mais, circular com câmera, relógio, celular, pelas ruas, mesmo as mais escuras, não costuma ser tão arriscado assim. Claro que você não vai ficar desfilando com a câmera na mão. Mantenha perto do corpo, e sempre que possível guarde-a num bolso ou sob alguma peça de roupa. Mas circule sem medo. Eu não tenho coragem de circular pelo centro de São Paulo depois de um certo horário, mas me senti muito seguro ao estar perdido por Buenos Aires até a madrugada. Respeite o seu sexto sentido… percebeu algo estranho, vá para ruas mais movimentadas… entre em algum dos comércios até perceber que o risco se foi… enfim, apesar de ser mais segura, nada de bobeira!!!
O segundo dia pode começar com o city tour. O passeio, em geral, feito dentro de um ônibus (o tal do city tour panorâmico) leva umas 3 horas, e custa uns 60 dólares (cerca de 240 reais, em setembro de 2015). É interessante para se ter uma primeira visão da cidade. Pontos onde quer conhecer melhor, e uma história geral da cidade, contada pelo guia. No entanto, eu acho o valor um bocado salgado. Se você quer uma outra opção, existe um passeio em ônibus aberto (aqueles de dois andares, com o segundo andar sem capota), chamado Buenos Aires Bus. O passeio custa 375 pesos… cerca de 150 reais (pela cotação em setembro de 2015)… e o ônibus percorre todos os principais pontos turísticos da cidade. Para quem não manja muito do espanhol, o serviço ainda oferece fones com tradução simultânea. O lado positivo: o passe deste ônibus vale por 24 horas, e você pode descer em qualquer lugar turístico que quiser, e pegar o próximo ônibus para seguir o passeio. É um achado!!! Da minha parte, como já conhecia a cidade, e meu segundo dia era num sábado, dispensei todos os transportes, mas fotografei o mapa por onde percorria o ônibus da Buenos Aires Bus, e percorri todo o seu percurso a pé. Pode parecer loucura, mas foi fantástico. Você pode alterar a ordem… dividir o tour em dois dias… acho até melhor dividir, mas você encontra tanta coisa diferente pelo meio do caminho, que não faz parte dos passeios tradicionais, que deixa a exploração ainda mais divertida e interessante. Sem contar que você vivencia muito mais o movimento da cidade. De verdade, acho super válido. Se você optou pelo tour tradicional, muito provavelmente encerrará o passeio antes do almoço, que o deixará em algum lugar para que você se vire para comer. Talvez até indiquem um lugar. Se você optou pelo passeio local, pode optar por realizar as refeições entre uma visita ou outra. Isso vai variar de acordo com o lugar onde estiver, mas não se preocupe, o que não falta em Buenos Aires é lugar bacana pra comer. E se você foi mais audacioso e optou por seguir meu conselho e fazer o tour a pé, então pode optar por qualquer restaurante ou café com “cara” boa pelo caminho.
Você pode seguir para o bairro Recoleta, onde encontrará o cemitério de la Recoleta, onde está sepultada Evita Peron, e ali perto, a Plaza Francia, com várias opções interessantes. Pra começar tem uma variada feira de artesanato, que acontece na própria praça (sempre aos finais de semana). Ali você encontra ainda o Centro Cultural Recoleta, que apresenta mostras itinerantes variadas (quando estive na cidade acontecia a Bienal de Arquitetura), a Igreja de Nuestra Señora Del Pilar, construção religiosa que data o ano de 1732. Simplesmente linda!!! Um shopping de decoração estilo D&D. Dentro do shopping você encontra a loja do Hard Rock Café. Vale pra quem curte a marca… ainda no shopping, várias opções deliciosas para aplacar a fome. Encare qualquer um sem medo. Ou, se preferir, você volta à Plaza Francia, onde tem o charmosérrimo La Biela… restaurante com ótimas opções em refeição. Na (Rua) Calle Ayacucho, próxima do La Biela, você encontra uma sorveteria Freddo… simplesmente divina. No final desse ano (2015), quem faz compras no Carrefour ganha um ticket que vale um segundo litro de sorvete na compra do primeiro… mais uma razão pra se acabar…
Mas não pense que as opções na praça acabaram… de volta à Plaza Francia você pode esticar até o Museu Nacional de Bellas Artes… o ingresso custa cerca de 10 reais, e vale a visita… seguindo pela Avenida Del Libertador, em frente à Plaza, até a Avenida Austria, você encontra ainda a Biblioteca Nacional e o Museu do Livro… boas pedidas para uma rápida passagem e algumas fotos… mas calma, sua passagem pelo bairro Recoleta ainda não está terminado… não, pelo menos, sem antes passar pela Plaza de Las Naciones, que fica atrás do Museu de Bellas Artes, e onde você encontra a Floralis Genérica… gigantesca flor de metal, que se abre no início do dia, e se fecha ao por do sol… não tive a sorte de ver nenhum dos dois momentos, mas a vista da flor realmente deslumbra. Fique atendo à igualmente gigantesca construção ao lado direito da flor… trata-se da Universidade de Buenos Aires… você não poderá entrar no prédio, mas sua construção rodeada de colunas Romanas chama a atenção.
Quer encerrar o dia de um jeito ótimo? Seguindo pela Bartolomé Mitre você sai na praça do Congresso Nacional (você pode seguir pela 9 de julho, também), e por lá você procura o Borgatta. Um restaurante com cara de lanchonete delicioso. Você tem várias opções para comer. Lanches rápidos, pratos locais, comida variada, sobremesas… nós optamos por uma pizza deliciosa. Os preços são um pouquinho salgados, mas só se vive uma vez… então vale cada centavinho.
Se você ainda tiver pique… estique até a Avenida de Mayo, onde estão localizados vários teatros… As noites de sábado “pegam fogo” na cidade, e você encontra muita gente pela rua… é muito bacana ver velhinhos e crianças pelos cafés da avenida, ou nas filas dos teatros. Muito diferente do público que encara a noite no Brasil.
O terceiro dia vale a continuação do tour pela cidade, ou visitar alguns pontos mais interessantes, para quem não conseguiu parar em nenhum deles no dia anterior. O meu terceiro dia era um domingo, e então era dia de visitar a feira de San Telmo. Como dispensamos todo e qualquer tipo de transporte para esta viagem, partimos para a caminhada. No meio do percurso encontramos uma fila na porta da casa rosada. A curiosidade nos levou até a fila, quando descobrimos que nos finais de semana é possível visitar o interior da casa presidencial sem pagar um tostão, com direito a passeio guiado. Dentro da casa, acesso aos jardins, à área de pinturas e bustos, e no tour guiado, algumas áreas mais curiosas como a sala branca, e o escritório onde os presidentes emitem algumas das suas ordens. Para esse tour guiado não é permitido tirar fotos, mas ainda assim é super interessante. Assim que entrar na Casa Rosada, siga até um grande hall na área central, onde são distribuídas fichas coloridas para determinar as turmas que formarão os grupos de visita. O tempo de espera (após pegar a ficha) costuma ser de uns 40 minutos. Você não poderá sair da casa, ou perderá o passeio, por isso vale levar uma água e algo para beliscar enquanto estiver dentro da casa esperando. No geral, entre entrada, visitar todas as alas, e o tour guiado, dá um passeio de quase 3 horas. Legal ir bem cedo, para não perder a feira de San Telmo.
E o que a feira de San Telmo tem de tão especial??? Tudo o que você imaginar e mais um pouco. A Plaza de San Telmo fica a umas 15 quadras da Casa Rosada, onde acontece, efetivamente a feira de antiguidades. Mas para você ter uma ideia, a feira segue pela rua até a praça do governo. Imaginou uma feira desse tamanho??? É gigante!!! Muito artesanato, muita antiguidade, muito produto chinês, muitas lojinhas que vendem produtos curiosos, algumas que vendem coisas que faz você imaginar quem compraria um troço daqueles, enfim, tem de tudo… e quando eu falo de tudo, incluo até aquilo que você nunca imaginaria encontrar… pedaços de couro, teclas de máquinas de escrever, peças de impressoras, tipos variados de comida, instrumentos musicais, brinquedos, roupas novas e usadas… tem de tudo!!! A feira da praça encerra por volta das 18 horas… mas a venda do artesanato pelas ruas segue até um pouco mais tarde. Se você, assim como eu, iniciou sua caminhada a partir da Plaza San Telmo, terminará na porta da Casa Rosada… tempo para visitar a Catedral Metropolitana. Sua aparência externa nem de longe lembra o de uma igreja, com grandes colunas que lembram as construções Romanas, mas seu interior é imponente e transmite uma paz sem igual. O local tel missas de hora em hora, e mesmo para os menos religiosos, ou que seguem outras fés, vale a visita. Cada detalhe em seu interior impressiona. Difícil não se perder nos seus encantos… lá dentro você encontra o túmulo de José de San Martín, importante general que participou das batalhas pela independência da Argentina. O lugar se transformou em uma das “naves” da igreja, e se destaca pela decoração imponente.
Querendo fechar o terceiro dia com chave de ouro? Então não pode deixar de aproveitar o famosérrimo Café Tortoni, na Avenida de Mayo. Geralmente, costuma formar uma fila para entrar no café, mas domingo é um pouco mais tranquilo, e depois das 21 horas, a muvuca se foi. O Café é um marco da cidade… artistas, políticos, atletas, enfim, todos os tipos mais famosos já passaram ou costumam frequentar a casa. Dividida em três espaços, é possível assistir um show de tango em uma dessas alas, mas somente para quem chega mais cedo, ou já reservou seu lugar. Num segundo espaço é possível curtir música ao vivo. Também é bem concorrido, por isso, não deixe de chegar cedo se você quer comer ao som de uma canção tipicamente portenha. E por fim, a área comum, somente para os que estão atrás dos pratos exóticos para um jantar de tirar o chapéu. Acabei ficando nessa ala, mas não me senti menos importante. A casa é muito bonita. Sua decoração mostra fotografias de celebridades que estiveram no local, e é possível levar alguma das luminárias da casa para decorar seu cantinho. Alguns abajures, produzidos por um artista local, estão à venda no local, então você pode levar uma lembrança por até R$50,00 e sempre lembrar da sua passagem pelo Tortoni. A história da casa é super bacana. Você pode ler um resumão no verso do cardápio. O atendimento é muito educado e eficiente. Não tive a “sorte” de pegar a casa lotada, mas queria ver aqueles caras na correria. De verdade, alguns deles são muito ágeis. E o cardápio? Empanadas, pães de queijo (ou algo muito parecido), sanduíches, hamburgeres, pizzas, massas, e pratos variados, e até churros recheiam as páginas do menu. Difícil não encontrar algo que agrade. A pedida é o chocolate quente, e o misto quente… gigante e híper recheado… servido no que eles chamam de pão inglês, mas que parece um pão sírio. Não tem como passar fome. Mesmo assim, você pode experimentar um dos doces da casa. Fui ao encontro de um bolo chamado “bombom”… farta porção… fartos sabores… simplesmente celestial!!! Pra se ter uma ideia, assim que viram o meu doce, várias mesas vizinhas decidiram pedir o mesmo… vale até o repeteco… partimos pra cima do churros… esqueça tudo o que você conhece na culinária “churrística”… o “bolinho” frito não tem nada a ver com o que você já viu… duro, sem recheio, sem graça, parecia ter sido frito com carnes e peixes (sabe quando se aproveita o óleo?)… enfim, fique longe do churros!!! Ainda no Tortoni você encontra algumas estátuas em cera, e locais bem legais para fotos do tradicional “estive por aqui”. Aproveite, pois é normal as pessoas se acabarem nas fotos após se acabarem na comida…
E o que preparar para o quarto dia? Arrumar um tour de compras na faixa nem é tão complicado assim… se a sua agência não te enfiou em um, provavelmente você consiga um passeio de compras no próprio hotel. Converse com o pessoal da recepção… muitas vezes quem faz esse transporte ganha as comissões, então o transporte em si acaba não sendo cobrado… e o que acontece num tour de compras por Buenos Aires? Bom… não é como estar em um tour de compras por Miami ou Orlando, mas ainda assim, você consegue visitar uns lugares interessantes… um passeio desses dura umas 3 horas, então você deve visitar entre 5 e 6 lojas que visitam exclusivamente peças em couro e malhas, e uns dois lugares que eles cismam em chamar de outlets. Por mais consumista que você seja, e por mais fácil que você tenha encontrado aquele casaco ou jaqueta que tanto procurava, evite fechar sua compra nas primeiras lojas, que costumam ser as mais caras… muito provavelmente você encontrará a mesma peça por metade do preço, ou até menos na última loja… ou na pior das hipóteses, você combina com o motorista a te levar de volta ao local onde você viu aquela peça mágica… digo isso porque uma pessoa que estava no grupo acabou pagando R$1.200,00 em uma jaqueta que ela dizia ser única… e a mesma peça saía por R$200,00 na última loja… claro que ela queria se matar, mas é o tipo de coisa que faz parte de quem participa desse tipo de tour… quanto aos outlets, algumas das marcas preferidas dos argentinos não é exatamente o que os brasileiros buscam. Você encontra alguma coisa Lacoste e Polo, e com sorte mais alguma peça, mas os preços são bem parecidos com os praticados no Brasil, e a ideia de outlet acaba indo por água abaixo. No mais, perfumes e cosméticos também podem ser encontrados. Na parte dos cosméticos, você pode encontrar mais variedade e preços bem melhores nas farmácias de rua, mas quanto aos perfumes, espere passar pelo free shop… os preços dos perfumes pelas lojas de Buenos Aires costumam ser até 30% mais caros.
Aqui vale uma observação bastante importante… entre levar pesos… dólares… cartões de crédito… e reais… fique com a última opção!!! Você pode levar alguns pesos para táxi ou emergência, mas o real é aceito em todos os cantos de Buenos Aires, e a cotação é muito melhor que a oficial. Quando estive na cidade, em setembro, o peso argentino valia R$2,50 no câmbio oficial, enquanto que nas lojas, restaurantes, e até no hotel, variava entre R$4,00 e R$4,50. Um casaco de 1.000 pesos pode sair R$400,00 pela cotação do seu cartão de crédito, enquanto que poderia sair por R$220,00 se você pagasse em dinheiro. Pode parecer estranho, mas é um dos poucos lugares do mundo, acredito, que a moeda brasileira valha mais do que dentro do próprio quintal. Então leve reais sem dó!!! O pior que pode acontecer é ter que trocar o dinheiro pelas ruas, mesmo assim, a cotação das casas de câmbio locais era bem melhor do que a cotação aqui no Brasil. Eles até ficam mais felizes quando você paga em reais… loucura, não?!?!
O tour deve terminar perto da hora do almoço… se você estiver pela região da Avenida Córdoba, ou (Rua) Calle Paraguay, o que é muito provável, não volte para o hotel… você pode esticar algumas quadras até a Calle Marcelo T. de Alvear, onde fica o restaurante Natacha. A casa é deliciosa em todos os aspectos. Atendimento de primeira, ótima localização, jeitão super moderno, com opções em comida para recuperar seu fôlego das compras… se você ainda não teve a oportunidade de experimentar as empanadas argentinas, essa é uma extraordinária oportunidade. A casa possui uma variedade desses pastéizinhos argentinos que é divina. Carne, legumes, frango, queijo e presunto, são só algumas delas. O preço médio é R$6,00, e com uma bebida de sua preferência, acaba se tornando uma das melhores e mais baratas refeições da sua viagem.
Mas calma, o seu dia de compras não acabou… mas antes, uma parada no café Havanna, na região da rua Tucumán. A marca, conhecida por seus alfajores sensacionais, também serve bebidas com café e chocolate igualmente divinos. O lugar ideal para curtir uma sobremesa interestelar… ainda pela região, esticando até a rua Florida, em direção à Avenida Córdoba, você encontra o shopping Galerías Pacífico… talvez o mais simpático entre os shoppings de Buenos Aires… ele fica numa região mais comercial da cidade, cheia de lojas de rua, mas seu pique é bem sério. Lojas de grife conhecidas pelos brasileiros, muitos cosméticos, jóias, roupas, sapatos, bolsas, e tudo mais… os preços são muito parecidos com os do Brasil. Vale procurar pelas melhores ofertas.
Já sei… você ainda não cansou de compras… ou ainda precisa ver aquela lembrança para alguns conhecidos… bom, numa caminhada um pouco mais longa, sentido bairro Recoleta, você vai encontrar outro shopping bem interessante, o Patio Bullrich. Ele fica entre a (rua) Posadas (número 1245) e a Avenida del Libertador, com acesso pelos dois endereços. Não aguenta mais andar? Ok, mas se a ideia é economizar, arrisque a ida até ele a pé e na volta você pode se premiar com um rolezinho de táxi. Se você está hospedado no Duomi, uma corrida de táxi desde o shopping sai por uns 40 reais. O bairro é delicioso… com condomínios bem estilosos e mais chiques. Só a caminhada pelas ruas do entorno já valem a ida até lá. Mas o que esperar do shopping… na minha modestíssima opinião, o Bullrich tem um pouco do shopping Cidade Jardim… lojas de grife mais caras, embora seja o típico shopping de menina (com mais lojas para mulheres). Os preços… se você procura uma marca muito específica, ou quer algum modelito que não encontrou em nenhum outro canto, então o Bullrich pode ajudar. Mas o seu forte não é ter os preços mais baixos. Vale mais por sua arquitetura e pelo passeio no seu entorno do que fazer compras.
E pra fechar o quarto dia, por que não um show de tango? Vai me dizer que sua ida a Buenos Aires não foi movida por sua incansável vontade de dançar como os profissionais do tango? Afinal de contas, eles rodopiam tanto, e não se desgrudam… e ainda conseguem levantar as pernas até alturas que arriscam certas partes, sem necessariamente acerta-las… um feito assustador, ao meu ver… não sei se você já foi a algum show de tango em Buenos Aires, mas depois do doce de leite, é o assunto mais comentado na cidade… os shows de rua não contam, se você quer, e gosta, de ver um espetáculo de verdade, precisa visitar uma casa de tango… e nas duas últimas noites pela cidade vale visitar as duas casas mais famosas que oferecem o tango de um jeito bem especial… Señor Tango e a Esquina Carlos Gardel… conhece alguma das duas? então vale visitar a outra… não conhece nenhuma delas? então faça esse esforço e visite cada uma delas… existe um diferencial nas duas casas que é o show com jantar ou sem jantar… com jantar aumenta uns 100 reais por pessoa, mas permite que você escolha melhores lugares na casa… sem jantar, você fica com o que sobra… de verdade, vale sim o jantar, mesmo que o preço pareça mais salgado… você tem direito a uma refeição de 3 pratos e um copo de qualquer bebida (até vinho)… e se você der sorte, ganha até mais de um copo de cada bebida (depende do humor do garçom e do movimento da casa)… e por que ir a dois shows de tango? cada show não tem nada a ver com o outro, embora o tema principal seja o mesmo… não quero estragar a surpresa, mas de uma maneira geral, o Señor Tango oferece um espetáculo bem mais teatralizado, com direito até a efeitos especiais… enquanto que a Esquina Carlos Gardel é a dança mais como carro chefe de todo o show… particularmente, gostei mais da opção do Carlos Gardel… se você não tem a intenção de conhecer os dois, ou prefere ficar com somente uma das opções, a diversão é garantida em qualquer uma delas… quando você compra o ingresso, também fecha o serviço de transporte, tanto para a ida, quanto para a volta… ahhh, a média do ingresso, por pessoa, em qualquer uma das casas é de uns 200 reais… 300 se incluir o jantar…
E pra fechar o último dia em Buenos Aires, por que não fazer um combinado entre El Caminito e Puerto Madero? Com suas construções mais simples e multicoloridas, virou um marco para a cidade, e para o mundo… ponto certo para quem procura bons souvenires (vai me dizer que você fechou mesmo todas as suas compras no quarto dia???), como malhas, camisetas, imãs de geladeira, entre outras milhares de bugigangas… difícil sair de lá de mãos abanando… você terá uma vasta gama de galerias e lojas de rua com variedades mil, e preços bem razoáveis… mesmo que sua ideia não seja mais fazer compras, não deixe de conhecer a região… pelo bairro você conhecerá o velho porto, o Museo Histórico de Cera, o Museo Quinquela Martin, e a algumas quadras de distância, o imponente estádio do Boca Juniors (La Bombonera), e algumas boas opções também para a refeição, como o Caminito Tango Club ou o La Vieja Rotiseria. Excelentes pedidas para um tour de sabores pelo bairro histórico… e talvez o mais muvucado…
Preste atenção, pois esticar pelo bairro pode ser um risco à sua segurança. Esse é o lado mais violento da cidade, e depois das 14 horas, a sugestão é que esteja longe dali. Então curta sem medo até o horário do almoço, depois disso, parta para outro destino. Mas enquanto nesse horário mais cedo, vá sem traumas, pela própria muvuca do lugar, não tem como as coisas darem muito errado. Também fique esperto quanto a fotos dos dançarinos de tango pelas ruas. Se eles perceberem seu momento paparazi pedirão uma pequena “doação”.
Na saída do Caminito, você pode fazer a volta pela orla do Rio da Prata… passar pelo Cassino Flutuante… tipo de barco onde funciona um cassino… você pode conhecer sem pagar nenhuma taxa… mas para os mais ávidos da jogatina, confesso que não sei como ganhar dinheiro com aquilo… são máquinas e mais máquinas sem um manual de instruções para indicar o que devo fazer… difícil até para tentar a sorte…
Passou pelo Cassino Flutuante, então você chega ao bairro de Puerto Madero… outro canto muito estiloso da cidade. Atente para a atividade que o argentino mais gosta de fazer pelos jardins do bairro, que é “lagartixar”… ainda mais se o sol ajudar… no bairro você encontra restaurantes fantásticos, como o Brasas Argentinas ou a Cabaña Villegas… eu, particularmente, sugiro o Puerto Cristal, que prepara uma pizza sem igual… mas as opções são muito variadas… perto da Ponte da Mulher você encontra a Fragata Sarmiento, embarcação que foi transformada em museu e está ali, totalmente funcional, e que carrega a história de suas viagens rumo ao extremo sul do globo… preste atenção nos condomínios localizados na outra margem do porto… lindas construções, que deixam a vista ainda mais bela quando aquilo tudo se ilumina… não vá embora sem conhecer a Abuela Goye de Puerto Madero… a casa da “vovó” Goye oferece doces com o típico doce de leite argentino que a cada mordida arrancam uma lágrima, de tão deliciosos… esse “espaço” do porto é muito grande, e vale caminhar para ver o por do sol a partir da ponte da mulher, ou até mesmo admirar as tartaruguinhas que ficam ancoradas no casco das embarcações que afundaram na região do porto… é um lugar ótimo para passar a tarde e aproveitar a despedida de Buenos Aires. A última noite pela cidade pode ser bem usada para conhecer uma daquelas casas de tango que comentei acima, ou aproveitar pra fazer uma última caminhada pela Avenida de Mayo e pela 9 de julho. No meu caso, a noite se encerra mais cedo para arrumar a bagagem e preparar para a segunda parte de nossa jornada… do outro lado do Rio da Prata, em Montevidéu, no Uruguai. Pra efeito de economia, e até para fazer diferente, escolhemos atravessar o rio via balsa, num serviço chamado de Buquebus (você pode ler meu relato a respeito dessa travessia aqui). A balsa via Montevidéu sai às 7 da manhã, ou 17 horas, já no fim da tarde. Para aproveitar o dia de chegada, nossa escolha foi a saída às 7 da manhã.
Mas, bem, essas foram algumas dicas para conhecer Buenos Aires de uma maneira bem intensa. Algumas opções ficaram de fora, como o Zoo de Buenos Aires, onde os visitantes podem tirar fotos ao lado de alguns animais, e até toca-los. Particularmente, existe uma frente que divulga que os animais desse zoo sofrem com maus tratos, por isso também, ficou de fora do nosso roteiro. O Planetário Galileo Galilei, perto do aeroporto Aeroparque, ou a Livraria El Ateneo, na Florida, já próximo à Avenida Corrientes, que se encaixariam em qualquer roteiro, mas por questões de escolha, acabaram ficando fora do nosso. Sem contar um tour por diversas igrejas lindíssimas, espalhadas por todos os cantos. Com isso quero dizer que você pode alterar ou adicionar outras localidades à sua passagem por Buenos Aires sem perder qualidade. Não faltam excelentes opções e você vai ficar encantado com qualquer uma delas.
Você também pode eliminar algum jantar fora e aproveitar para curtir o hotel escolhido fazendo refeições no próprio quarto. E não tenha vergonha de adicionar alguma passagem extra nos táxis da cidade. Preferimos fazer quase a totalidade de passeios na base da caminhada até para aproveitar mais do lugar. Sei que nós, brasileiros, temos o costume de falar isso ou aquilo dos argentinos, mas tudo não passa de piada ou preconceito bobo da nossa parte. Os argentinos são super receptivos, educadíssimos, e adoram uma boa conversa. O único problema, ao meu ver, é que eles estão tão globalizados, que nem deixam mais a gente abusar do portunhol… rsrsrs… é muito fácil encontrar um atendimento que fale em português, evitando assim qualquer mal entendido. Buenos Aires é deliciosa, e seu relevo mais plano ajuda nas caminhadas… mesmo naquelas aparentemente impossíveis… vários fatores provocam um encanto adicional, e partimos daqui com o gostinho de “quero mais”… em breve estamos de volta… e nas próximas semanas darei detalhes da segunda parte dessa viagem… não percam!!!!!
E você, já visitou Buenos Aires? Conhece algum roteiro ou dica imperdível? Não deixe de compartilhar suas dicas conosco e com outros leitores do Viveajantes.
Grande abraço.
Fotos e texto by Ricardo Seripierro.
Acompanhe outras dicas e informações em nosso canal no facebook. Curta #viveajantes. Ou no Twitter, siga @viveajantes. Veja nossa galeria de fotos no Flickr, inscreva-se em nosso novo canal de vídeos no Youtube. Entre em contato, mande suas críticas, sugestões, contribuições via e-mail: viveajantes@bol.com.br . E não perca nossas postagens. Novo conteúdo todas as semanas.
Comentários
Postar um comentário